Cirurgia do Ombro
Nos últimos anos com o desenvolvimento de novos intrumentos e tecnicas cirúrgicas o procedimento artroscópico se estabeleceu na cirurgia ortopédica tornando as antigas e dolorosas incisões desnecessárias. A palavra artroscopia deriva das palavras gregas “artros” (articulação) e a “scopos” (ver).
A artroscopia é uma técnica cirúrgica que utiliza pequenas incisões que permitem que o cirurgião possa ver e trabalhar dentro do seu ombro. Pode ser utilizada para diagnosticar e tratar grande parte dos problemas do ombro.
Devido a artroscopia ser um procedimento minimamente invasivo, a recuperação é menos dolorosa e mais rápida que a cirurgia aberta convencional.
Através de uma pequena incisão uma ótica de 4.0mm de diâmetro acoplada a uma câmera com uma fonte de luz é colocada dentro do ombro, o que permite visibilizar as estruturas internas da articulação através de um monitor. Soro Fisiológico é infundido dentro do ombro para expandir a articulação, o que permite ao médico uma visão clara e espaço para trabalhar.
Por outras incisões, instrumentos cirúrgicos são colocados dentro do ombro para o médico poder reparar as lesões encontradas.
LESÕES DO MANGUIDO ROTATOR
Na anatomia humana, o manguido rotator é um grupo de músculos e seus tendões que age para estabilizar o ombro matendo o contato da cabeça umeral de encontro a glenóide, principalmente no movimento de elevação do braço. É formado por quatro músculos: o supra-espinhal, infra-espinhal, redondo menor e subescapular.
Estes músculos se comparados ao peitoral maior e ao deltóide não têm a mesma dimensão, mas desempenham um papel fundamental nos movimentos do ombro e cintura escapular. Estes músculos devem possuir não apenas força suficiente, mas também resistência muscular significativa equilibrando as forças para funcionar de forma adequada para a elevação do braço.
O trabalho do manguito rotador é essencial especialmente em atividades repetidas de suspensão acima da cabeça, como arremessar e nadar, citando algumas práticas esportivas.
É muito freqüente estas atividades serem realizadas com técnica deficiente, com fadiga muscular ou com o aquecimento e condicionamento inadequados, e o grupo muscular do manguito rotador, principalmente o supra-espinhal, acaba não conseguindo estabilizar dinamicamente a cabeça do úmero na cavidade glenóide, originando outros problemas, como tendinite e fricção do manguito rotador dentro do espaço subacromial.
Em 75% de casos de dor no ombro, a principal causa é o tendão do supraespinhal. A lesão do supra-espinhal ocorre geralmente por movimentos repetidos, violentos ou acima da cabeça ou mesmo causado por degeneração.
Hoje acredita-se que sua etiologia seja multifatorial. Um fator associado com muita frequência é o impacto do manguito de encontro com o arco coracoacromial (esporão no acrômio).
O achado clínico mais frequente é dor e incapacidade funcional do membro superior de intensidades variadas. Apesar do que possa parecer essa dor é mais frequente no lado de fora do braço (face lateral) e com piora noturna.
As lesões desses tendões podem se apresentar de várias formas podendo ser parciais ou totais (rompendo todo o tendão).
O tratamento deve ser individualizado para cada caso cabendo a um ortopedista um diagnóstico correto e o tratamento.
Uma grande parte dessas lesões há necessidade de tratamento cirúrgico e hoje com a artroscopia do ombro esse tratamento é bastante eficaz propiciando bons resultados.
INSTABILIDADES
O ombro é a articulação com a maior capacidade e amplitude de movimento, permitindo um amplo grau de movimento em todos os planos. Devido a esta grande mobilidade, a articulação glenoumeral é uma das mais instáveis e freqüentemente luxadas do corpo, correspondendo a cerca de 50% de todas as luxações, o ombro trocou sua estabilidade pelo amplo grau de movimento. Os estabilizadores mecânicos ou estáticos do ombro são: glenóide óssea, lábio glenoidal, cápsula articular, ligamentos glenoumerais.
Os estabilizadores dinâmicos são: músculos do manguito rotador e escapulares. O equilíbrio entre eles é responsável pela estabilidade da articulação do ombro, em algumas situações o ombro pode luxar devido a uma lesão extensa do manguito.
LESÃO SLAP
As lesões do lábio superior da glenóide foram inicialmente associadas a dor e disfunção nos esportistas de lançamento e arremesso no ano de 1995.
O termo slap (superior labrum anterior and posterior) referindo-se as lesões do lábio superior foi pela primeira vez utilizado em 1990.
O sistema de classificação de snyder foi criado com base na morfologia de cada lesão e do envolvimento do cabo longo do bíceps.
A classificação de snyder descreve quatro tipos de lesão:
Tipo I : degeneração labial superior com fibrilação da margem livre
Tipo II : lábio superior destacado da glenóide, existindo um espaço entre a cartilagem e o lábio superior
Tipo III : lesão em “alça de balde” do lábio superior
Tipo IV : lesão em “alça de balde” do lábio superior extendendo-se para o tendão do bíceps.
Esta classificação foi mais tarde modificada por burkhart e morgan com a adição de dois tipos ao tipo ii, sendo subclassificado de acordo com a parte da glenóide envolvida (a- anterior, b- posterior e c- combinada).